Dia Mundial da Poesia, Primavera
terça-feira, março 21, 2006
[ Fotografia de .j. | Em casa, 2004 ]
Recordaçao
E tu esperas, aguardas a unica coisa
que aumentaria infinitamente a tua vida;
o poderoso, o extraordinario,
o despertar das pedras,
os abismos com que te deparas.
Nas estantes brilham
os volumes em castanho e ouro;
e tu pensas em paises viajados,
em quadros, nas vestes
de mulheres encontradas e ja perdidas.
E entao de subito sabes: era isso.
Ergues-te e diante de ti estao
angustia e forma e oraçao
de certo ano que passou.
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Para recitar antes de de adormecer
Eu queria cantar para dentro de alguem,
sentar-me junto de alguem e estar ai.
Eu queria embalar-te e cantar-te mansamente
e acompanhar-te ao despertares e ao adormeceres.
Queria ser o unico na casa
a saber: a noite estava fria.
E queria escutar dentro e fora
de ti, do mundo, da floresta.
Os relogios chamam-se anunciando as horas
e ve-se o fundo do tempo.
E em baixo ainda passa um estranho
e acirra um cao desconhecido.
Depois regressa o silencio. Os meus olhos,
muito abertos, pousaram em ti;
e prendem-te docemente e libertam-te
quando algo se move na escuridao.
[Era capaz de passar o dia a transcrever versos dos meus poetas preferidos, mas como tenho mais coisas para fazer, assinalo o Dia Mundial da Poesia e a chegada da Primavera com dois poemas de Rainer Maria Rilke, d'«O Livro das Imagens», traduzidos por Maria Joao Costa Pereira,
Relogio d'Agua. Desculpem a falta de acentos em algumas palavras, mas a culpa é do blogue, que transforma tudo em pontos de interrogaçao.]
[Deixo ainda o link para um blogue de poesia, intitulado Casulo Amarelo.]
posted by .j. @ 11:32 da manhã,