iv.

Ficar assim sem caminho que agrade ao dia
com a palavra errada no bolso e o sol já tao baixo.
Escreve-la é tropeçar um pouco pela sombra
esvaziar os bolsos sobre o pó.

Ofereço-me silencioso
uma folha escorre-nos da face
leva o olhar que quis deixar-te
seco e total.
Eu sei que a condiçao é esta
para que a palavra nada diga de mim.
Mas fico ainda nas margens parado
entre silencios ritmados
antecipando desejos
figura quase ausente. É esta a mao que me traz e leva
num tropeço de sombra
a fecundidade da ausencia.


[Filipe Tereno, p.12 arte poetica,
in "A Perfeita Ocupaçao do Espaço",
ediçoes Quasi. Nascido no ano de 1974, em Lisboa,
Filipe Tereno, licenciado e mestre em Filosofia
pela Fac. Letras da Universidade de Lisboa,
lança este seu primeiro livro de poesia,
numa altura em que frequenta a Sorbonne, em Paris,
para realizar o doutoramento.]

posted by .j. @ 3:05 da tarde,

1 Comments:

At 12:53 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Gostei. Gostei muito. Vou querer ler mais.


Min?s

 

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