andar

Naquele dia, o sol tinha nascido mais cedo do que o costume. O extintor
permanecia preso a parede desde o último incendio na tua casa e as formigas
começavam a andar de um lado para o outro.
Percorrer a eternidade em passos miudinhos.
A minha cabeça anda sobre as plantas dos meus pés.
Quantas horas faltam? Já estou cansada.
A palma das maos bem assente no chao.
O meu corpo rebola sobre si próprio, articulado como o de um acrobata
elástico. Paralelamente vejo toda esta acçao decorrer a dois 2 m de mim
mesmo e o chao acompanha o movimento de mim próprio criando uma imagem
fílmica simétrica.
Os pendulos do relógio amarelo derretem devagarinho. Assim anda o corpo
sem se deslocar.
Ando pelos ponteiros do relógio, saltitando entre os segundos e os
minutos, temendo sempre enfrentar as horas. Saltito sem ver onde se poem os
pés, com sapatos de salto.
Descobri agora mesmo que toda esta sequencia de formas imaginárias sao
uma parcela de milhares de outras imagens iguais do grande caleidoscópio
espelhado que é a tua cabeça.

Quinta-Feira, 09 de Setembro de 2004 – 1. Acto
in “O Vivo Esquisito”
por Frôzina Baldarate

posted by Anónimo @ 3:08 da tarde,

5 Comments:

At 4:19 da tarde, Blogger .j. said...

ja nao me lembro bem das frases que escrevi. onde está o texto sobre "colher"? eu nao tenho nada disso.
foi giro encontrar este no borras. brasil, ajuda-me a tirar o blogue deste marasmo :)

até logo, ?s 21h em minha casa.

.j.

 
At 1:51 da manhã, Blogger Unknown said...

muito bom gosto cinematografico tem feito os dias deste blog, estou a ver.

 
At 7:33 da tarde, Blogger Roberto Iza Valdés said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

 
At 6:00 da manhã, Anonymous Anónimo said...

a lot of premium products and services being offered for free. What’s best is that there is a seemingly

 
At 9:05 da tarde, Blogger Unknown said...

Este comentário foi removido pelo autor.

 

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