Os Pássaros de Papel

E eis que chego e me encontro de novo aqui,
Tal como das outras vezes me encontrei.
Sinto o cheiro verde da relva madura,
Olho o céu azul a milénios de distância.
Tantos anos depois, caio de novo no tapete verde,
Uma auréola de trevos cerca-me a cabeça:
Nenhum é de 4 ou 5 folhas,
A sorte n?o me veio bafejar
Era afinal uma brise de vento norte
A dizer-me que a sorte se despedia, que era a morte a chegar.
Pássaros de papel vôam sobre o sono da minha imagem.
Velozes, como balas de aço, traçam linhas
Num plano paralelo acima de mim
E tecem redes complexas entre eles.
Adormeço, saio dali...
Durmo.
Abro as pálpebras... regresso aqui,
Est?o a fazer queda livre em direcç?o a mim.
Imprimem força nas asas de papel, tatuadas de palavras estranhas
E aguçam os bicos de metal incandescente.
Como penas malditas, escrevem-me a desgraça sobre a pele,
S?o os pássaros kamikaze, bombardeiros de papel,
Directos ao meu coraç?o.
Durante o último vôo das suas vidas,
Lançam projécteis, que se me enterram na carne:
Habilmente, constroem desfiladeiros de carne viva
Que deixam aparecer rios vermelhos,
Onde insectos tomam banhos de sangue.
Cai o primeiro junto do pulm?o,
Caiem mais dois, falham o alvo,
Cai um terceiro, ? terceira é de vez,
Acerta-me no coraç?o.
E assim abrem repuchos no peito,
Tingindo o céu de vermelho.
Descem as nuvens de algod?o para me curar.
Trazem dentro uma orquestra de anjos que tocam harpas
Carregam uma cama para me deitar...

posted by Anónimo @ 7:37 da tarde,

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