dois poemas, uma surpresa


[Quarto Escuro - Setembro,2004]
[Fotografia de .joana beleza. ]


Bolor

Os versos
que te digam
a pobreza que somos
o bolor
nas paredes
deste quarto deserto
os rostos a apagar-se
no frémito
do espelho
e o leito desmanchado
o peito aberto
a que chamaste
amor.



Fruto

Por um desvio semântico qualquer, que os filólo-
gos ainda nao estudaram, passámos a chamar manha
a infância das aves. De facto envelhecem quando a
tarde cai e é por isso que ao anoitecer as árvores nos
surgem tao carregadas de tempo.


- Carlos de Oliveira,
in Trabalho Poético,
Livaria Sá da Costa Editora-



Descobri os poemas de Carlos de Oliveira há uns dias. No mínimo, posso dizer que foi uma descoberta deliciosa. Aconselho vivamente a trocarem a vossa "bíblia-de-mesinha-de-cabeceira", seja ela qual for, por este "Trabalho Poético".

posted by .j. @ 3:15 da tarde,

4 Comments:

At 10:47 da tarde, Anonymous Anónimo said...

gosto dessa foto. muito. ;)

 
At 10:48 da tarde, Anonymous Anónimo said...

esqueci-me de assinar.

miguelcoutinho

 
At 11:19 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Se a opini?o de um leigo no assunto vale alguma coisa, gostei mesmo muito da fotografia. N?o só pelo motivo que tu sabes, mas porque ficou mesmo bem. O anónimo da fotografia, numa altura algo "turbulenta" da vida, captado pela tua câmara, a debater-se na sua própria confus?o. E um quarto escuro provoca indubitavelmente uma grande desorientaç?o (=confus?o), n'est ce pas?
Que mais há a dizer? Belas fotografias acompanhadas com poesia. Uma receita minimalista, mas, para quem, como eu, n?o gostava de poesia e descobriu a beleza da dita recentemente, é muito eficiente, definitivamnete. Por isso mesmo venho cá de vez em quando.
Obrigado.
Pedro

 
At 5:45 da tarde, Anonymous Anónimo said...

também tenho de te ver,
estar contigo. sim, vai ser bom.
sim, tenho coisas para te contar.
sim, tenho saudades tuas, Pedro.

 

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